A novela do Exame de Proficiência em Medicina (PL nº 2.294/2024) ganhou mais um capítulo, e não exatamente o que muitos esperavam. A votação, que prometia ser um passo crucial para a qualificação da medicina atual, foi adiada no Senado Federal. Em vez do “sim” ou “não” aguardado, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) optou por convocar uma audiência pública para debater o tema, conforme noticiou a Agência Senado. Entenda o que motivou essa inesperada pausa e quais os próximos passos nesse debate pela excelência na formação médica.
O Ponto de Inflexão no Senado

A decisão da CAS, motivada por um requerimento da senadora Teresa Leitão (PT-PE), expôs as diferentes perspectivas sobre a necessidade e o formato do Exame de Proficiência em Medicina. Apesar do amplo apoio da comunidade médica, representado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o adiamento sinaliza que o caminho para a aprovação não será simples. A senadora Leitão levantou questionamentos importantes sobre o papel do CFM nesse processo, sugerindo uma possível sobreposição de competências com o Ministério da Educação e um risco de dificultar o acesso à profissão para novos médicos (Fonte: Agência Senado).
O senador Humberto Costa (PT-PE) também expressou reservas, defendendo que a avaliação da formação médica é uma responsabilidade inerente ao poder público, através do MEC, e não de um conselho de classe (Fonte: Agência Senado).
Por outro lado, o relator do projeto, senador Dr. Hiran (PP-RR), defendeu veementemente a urgência do Exame de Proficiência, argumentando que ele é essencial para garantir um padrão mínimo de qualidade na formação dos médicos, especialmente diante do grande número de faculdades existentes no Brasil (Fonte: Agência Senado). O senador Rogério Carvalho (PT-SE) concordou com a necessidade de avaliação, mas enfatizou a importância de responsabilizar as instituições com formação inadequada.
Próximos Passos e o Que Esperar:
Estaremos de olho:
O adiamento da votação do Exame de Proficiência em Medicina para um debate mais aprofundado no Senado demonstra a complexidade e a importância dessa proposta para o futuro da saúde em nosso país. Acompanharemos de perto os próximos capítulos dessa discussão, trazendo informações e análises relevantes para você se manter atualizado sobre o tema.
Conclusão:
Em meio a esse debate crucial sobre o Exame de Proficiência, compartilho a minha visão como médica perita: acredito na validade de mecanismos de avaliação para garantir a qualidade da medicina, mas reduzir essa complexa questão a um único exame de múltipla escolha seria simplista. O que realmente forma um bom médico é uma trajetória contínua de aprendizado e responsabilidade, com avaliações longitudinais que acompanhem o profissional desde a graduação até a sua prática.
Acredito que controlar a qualidade da medicina em nosso país é uma urgência inegável. No entanto, essa busca pela excelência não pode se limitar a um filtro isolado. Precisamos desenvolver estratégias que fortaleçam o compromisso ético, o discernimento clínico e o respeito à dignidade humana em cada profissional. Antes da habilidade técnica para responder a uma prova, reside a fundamental responsabilidade ética de cuidar de vidas, reconhecendo a singularidade de cada paciente.
Este é um debate complexo e essencial que deve envolver universidades, conselhos, profissionais experientes, estudantes e, sem dúvida, a experiência da perícia médica. O futuro da medicina não se constrói apenas com aprovações em exames, mas com a formação de médicos verdadeiramente preparados para exercer sua nobre missão com competência e humanidade.
Texto: Caroline Daitx e Equipe CDM Consult
Responsável Técnica: Dra. Caroline Daitx
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(Fonte utilizada: Agência Senado)